terça-feira, 17 de agosto de 2010

A cruz é algo radical - A. W. Tozer


A cruz de Cristo é a coisa mais revolucionária que já apareceu entre os homens. A. W. Tozer
A cruz dos velhos tempos Romanos não conhecia acordo; ela nunca fez concessões.
Ela venceu todas as suas disputas matando o seu oponente e silenciando- o de uma vez para sempre. Ela não poupou Cristo, mas o matou assim como os outros. Ele estava vivo quando O penduraram naquela cruz e completamente morto quando O tiraram dela seis horas mais tarde.
Isso era a cruz, a primeira vez que apareceu na história Cristã. Depois que Cristo foi levantado da morte os apóstolos saíram para pregar Sua mensagem, e aquilo que pregavam era a cruz.
Onde quer que eles fossem pelo mundo afora carregavam a cruz e o mesmo poder revolucionário ia com eles.
A mensagem radical da cruz transformou Saulo de Tarso e o mudou de um perseguidor de Cristãos para um crente gentil e um apóstolo da fé.
O poder da cruz transformou homens maus em bons. Ela livrou a longa escravidão do paganismo e alterou completamente toda a perspectiva moral e mental do mundo Ocidental.
Tudo isto ela fez e continua a fazer enquanto for permitido permanecer sendo o que era originalmente, uma cruz. Seu poder se foi quando foi mudada de algo de morte para algo de belo.
Quando os homens fizeram dela um símbolo, pendurando- a aos seus pescoços como um ornamento ou fizeram seu esboço diante das suas faces como um sinal mágico para repelir o maligno, então ela se tornou na melhor das hipóteses um fraco emblema, e na pior das hipóteses um fetiche positivo. Como tal ela é venerada hoje em dia por milhões que não sabem absolutamente nada sobre o seu poder.
A cruz alcança seu fim pela destruição de um padrão estabelecido, a vítima, e cria um outro padrão, seu próprio. Assim, ela tem sempre seu estilo.
Ela vence através da derrota do seu oponente e imposição da sua vontade sobre ele.
Ela sempre domina. Ela nunca se compromete, nunca negocia nem concede, nunca renuncia um ponto por motivo de paz. Ela não se importa com a paz; ela se importa somente em acabar com sua oposição o mais rápido possível.
Com perfeito conhecimento de tudo isto Cristo disse, “Se alguém quer vir após mim, negue- se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga- me” (Mt 16:24).
Assim a cruz não somente provoca um fim à vida de Cristo, ela também dá fim à primeira vida, a velha vida, de cada um dos Seus verdadeiros seguidores. Ela destrói o velho padrão, o padrão de Adão, na vida do crente e o conduz a um fim. Então o Deus que ressuscitou Cristo da morte ressuscita o crente e se inicia uma nova vida. Isto, e nada menos, é Cristianismo verdadeiro, entretanto não podemos deixar de reconhecer a divergência crucial deste conceito daquele defendido pelos membros evangélico de hoje.
Porém não ousamos qualificar a nossa posição. A cruz permanece bem acima das opiniões dos homens e para aquela cruz todas as opiniões devem finalmente ir para julgamento.
Uma liderança superficial e mundana modificaria a cruz para agradar os entretenimentos loucos dos religiosos que terão a sua diversão mesmo dentro do santuário; mas agir assim é procurar desastre espiritual e se expor ao perigo da ira do Cordeiro transformado em Leão.
Devemos fazer algo com relação à cruz, e somente uma de duas coisas podemos fazer: fugir dela ou morrer nela.
Se formos tão imprudentes para fugir devemos por este ato pôr de lado a fé de nossos pais e fazer do Cristianismo alguma outra coisa exceto o que ele é.
Então teremos deixado somente a vazia linguagem da salvação; o poder se apartará com nosso apartamento da verdadeira cruz.
Se formos sábios faremos o que Jesus fez; enfrentaremos a cruz e desprezaremos a vergonha pela alegria que está colocada diante de nós. Fazer isto é entregar todos os padrões das nossas vidas para serem destruídos e reconstruídos no poder de uma vida eterna. Descobriremos que isto é mais do que poesia, mais do que doce melodia e sentimento nobre. A cruz cortará em nossa vida onde ela fere mais, sem poupar nem a nós nem nossas reputações cuidadosamente cultivadas. Ela vai nos derrotar e levar nossas vidas egoístas a um fim. Somente então poderemos nos levantar em plenitude de vida para estabelecer um padrão de vida completamente novo, livre e repleto de boas obras.
A mudança de atitude em relação a cruz que vemos na ortodoxia moderna não prova que Deus tenha mudado, nem que Cristo tenha facilitado na Sua exigência de que carreguemos a cruz; antes significa que a Cristandade atual se afastou dos padrões do Novo Testamento.
Até agora temos mudado tanto que isto pode necessitar nada menos do que uma nova reforma para restaurar a cruz para o seu lugar correto na teologia e vida da Igreja.
 Aiden Wilson Tozer nasceu em 21 de abril de 1897 em La Jose na Pensilvania, EUA, e foi para o Senhor em 12 de maio de 1963 aos 66 anos de idade. Foi um pastor na Aliança Cristã e Missionária de 1919 a 1963 e editor da publicação Alliance weekly (Aliança semanal) agora conhecido como Alliance life (Vida de Aliança) de 1950 a 1963. Durante sua vida, Tozer escreveu muitos livros e artigos, esses publicados enquanto esteve vivo. Não freqüentou seminário, mas adquiriu grande conhecimento bíblico. Suas pregações causavam forte impacto nas pessoas. Os mais de 40 livros escritos lhe renderam dois doutorados honorários.
Os livros de A. W. Tozer não são apenas livros, mas ensinamentos práticos e sérios para quem quer viver uma vida cristã séria e parecida com Jesus. As mensagens de Tozer não falam sobre como conseguir bênçãos e prosperidade, mas sobre viver impactado pela Bíblia e a vida de Cristo.
Tozer ganhou uma reputação lendária como uma voz profética e ele continua sendo um autor best-seller quase 50 anos depois de sua morte. Suas palavras desafiam os leitores a um relacionamento profundo e de adoração a Deus em reverência e adoração. Poucos autores tem demonstrado um impacto tão profundo como Tozer e seus livros.

Algumas frases célebres de Tozer:
“O cristianismo de hoje não transforma as pessoas. Pelo contrário, está sendo transformado por elas. Não está elevando o nível moral da sociedade; está  descendo ao nível da própria sociedade, congratulando-se com o fato de que conseguiu uma vitória, porque a sociedade está sorrindo enquanto o cristianismo aceita a sua própria rendição!”.

“Existe uma maldição antiga que permanece conosco até hoje – a disposição da sociedade humana de ser completamente absorvida por um mundo sem Deus.”

“se o barro não se entregar totalmente, o oleiro nada pode fazer”.

“para orar com eficiência, precisamos querer o que Deus quer – isso e somente isso é orar conforme a vontade de Deus”.

“é muito improvável que Deus use uma pessoa que nunca sofreu profundamente uma dor”.

“A oração em seu momento mais santo é o entrar na presença de Deus, num momento de bendita união, de uma forma que faz com que os milagres pareçam enfadonhos e as respostas extraordinárias às orações algo muito menos admirável por comparação”.

“Por sermos espiritualmente preguiçosos, tendemos a gravitar na direção mais fácil a fim de esclarecer nossas questões religiosas, tanto para nós mesmos como para outros; assim sendo, a fórmula “Aceite Cristo” tornou-se uma panacéia de aplicação universal, e acredito que tem sido fatal para muitos”.

“O que vem à nossa mente quando pensamos em Deus é o que existe de mais importante a nosso respeito”.

“Há no cosmos, vivo e que respira, algo misterioso, maravilhoso e tremendo, acima da compreensão de todas as mentes. O crente não alega entender tudo. Ele cai de joelhos e sussurra: Deus!”

“Enquanto a liderança espiritual não voltar a ser ocupada por homens que preferem a obscuridade, continuaremos a presenciar uma constante deterioração da qualidade do cristianismo popular, e possivelmente chegaremos ao ponto em que o Espírito Santo, entristecido, se retirará, como a glória de Deus se apartou do templo”.

“Adoração é a jóia perdida da Igreja Evangélica”.

“Deus prefere adoradores a trabalhadores; de fato, os únicos trabalhadores aceitáveis são aqueles que aprenderam a arte da Adoração”.

“A vida em que o Espírito habita não é uma edição de luxo do cristianismo que deve ser desfrutada por determinados cristãos extraordinários e privilegiados que, por acaso, são melhores e mais sensíveis do que o restante. Ao contrário, é o estado normal para todo o homem e mulher remido em todo o mundo”.

“Deus não se curvou à nossa pressa nervosa, nem adotou os métodos de nossa era imediatista. O homem que deseja conhecer a Deus precisa dedicar-lhe tempo. Muito tempo”.
“Encontrar-se com o Senhor, e mesmo assim continuar a buscá-lo, é o paradoxo da alma que ama a Deus”.

“Estar crucificado implica em três coisas: Primeiro, o crucificado tem os olhos sempre voltados para uma só direção; segundo, ele não pode voltar atrás; terceiro, ele não tem mais planos próprios”.

“Nunca ouça um homem que não ouve a Deus”.

“O homem que está crucificado tem os olhos voltados para uma só direção… Ele não pode olhar para trás. O homem crucificado está olhando apenas uma direção, que é a direção de Deus, de Cristo e do Espírito Santo …. O homem na cruz não tem mais planos para si … Mas alguém fez planos para eles, e quando eles o pregaram naquela cruz, todos os seus planos desapareceram. Quando você se dispõe a morrer na cruz, você diz adeus – você não vai voltar!”

“O primeiro sinal da decadência de uma igreja é o abandono do alto conceito de Deus”

“Por causa do que tenho pregado não sou bem recebido em quase nenhuma igreja na América do Norte”.

“Se as insondáveis riquezas de Cristo não merecem que por elas soframos, é bom saber disso agora e parar de brincar de religião”.

“Se enxergo corretamente, a cruz do evangelicalismo popular não é a mesma cruz que a do Novo Testamento”.

“Um cristão verdadeiro é uma pessoa estranha em todos os sentidos. Ele sente um amor supremo por alguém que ele nunca viu; conversa familiarmente todos os dias com alguém que não pode ver; espera ir para o céu pelos méritos de outro; esvazia-se para que possa estar cheio; admite estar errado para que possa ser declarado certo; desce para que possa ir para o alto; é mais forte quando ele é mais fraco; é mais rico quando é mais pobre; mais feliz quando se sente o pior. Ele morre para que possa viver; renuncia para que possa ter; doa para que possa manter; vê o invisível, ouve o inaudível e conhece o que excede todo o entendimento”.

“Um cristianismo sem poder não faz nenhuma diferença fundamental na vida de um homem. A água pode mudar de líquido para vapor, de vapor para neve e de novo para líquido, e continua fundamentalmente sendo a mesma coisa. Assim, o cristianismo sem poder faz no homem diversas mudanças superficiais, porém, deixando-o exatamente igual ao que era antes”.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

JESUS FREAK Team'


Quando a incessante busca pela genuína “paz e amor” estava entrando em colapso e se tornando a verdadeira “prisão e angústia” de muitos jovens e velhos adeptos a esse movimento, através de vícios e práticas que pareciam uma grande tentativa de suprir a necessidade por “algo á mais” que só aumentava dia após dia, surge em meio a essa remanescente onda um conceito de liberdade que começou a fazer sentido e efeito a aqueles que creram e decidiram beber dessa nova água que matou por completo a sede dessas pessoas, fazendo-os transbordar para a eternidade!
O Jesus Movement teve início na Califórnia por volta de 1967, quando um grupo de jovens que se intitulavam Hippies experimentaram uma mudança de vida radical ao se encontrarem com Cristo. Esses jovens se reuniam nas casas, nas igrejas, nos ginásios e nas lanchonetes a fim de entenderem o que estava acontecendo e para aprender mais sobre a Bíblia e sobre Jesus. Logo eles decidiram anunciar essa paixão que tanto ardia em seus corações  para uma geração que estava presa em um aquário(age of aquarius) enquanto a mensagem que eles carregavam lhe trouxeram a liberdade para um oceano.
Não demorou muito para os membros das igrejas que estavam inrrustídos pelo seu extremo tradicionalismo e sua árdua religiosidade começarem á julgá-los mal pelos seus trajes, cabelos cumpridos e roupas coloridas farrapadas e sua maneira eloqüente de anunciar as boas novas de Cristo, nesta primeira fase, o conjunto de pioneiros independentes de hippies evangélicos foi chamado de "cristãos da rua" e "os evangelistas psicodélicos", só depois sendo chamado os "Jesus freaks" (Loucos por Jesus) , que cresciam em grande número no ministério local de sua igreja conhecida como Calvary Chapel Church.
As grandes fotos dos batismos feitos pela Calvary Chapel no Oceano Pacífico, e encontradas nas revistas Look, Time e Life, assemelham-se com um campo de colheita humano. Literalmente, milhares de pessoas querendo ser batizadas puderam ser vistas aglomerando-se na praia. Imagens como essas mostram que esse é um fenômeno gigantesco quando o assunto é igreja. Professores como Peter Wagner do Fuller Seminary e Ron Enroth da Faculdade de Westmont citam em seus livros que na História Americana nunca houve nada comparado a isso.
Estima-se que em um período de dois anos, em meados dos anos 70, a Calvary Chapel de Costa Mesa realizou mais de oito mil batismos.
E tudo isso que foi dito á respeito do Jesus Movement, é apenas um resumo alguns acontecimentos que demonstram o que Deus foi capaz de realizar em meio a uma geração corrompida por um ideal utópico, e o que Deus ainda é capaz de fazer em nossa geração de Jesus Freaks!.

Nós como JESUS FREAK TEAM não visamos ressuscitar um movimento do passado que deixou grandes marcas na história da igreja e nas vidas de milhares de pessoas como o Jesus People Movement de Chuck Smith  Ou o Exército da Salvação do General William Booth  que provocaram um grande avivamento em suas gerações e que permeiam até hoje, Nós visamos através do “JESUS FREAK TEAM” alcançar as pessoas que estão aparentemente inalcançáveis à igreja, que são as diversidades de “tribos urbanas” que se encontram em nossa cidade, que a cada dia se afundam nas drogas, na prostituição, e na promiscuidade. Nós como um grupo de evangelismo, compreendemos que o nosso chamado como Radicais Livres  , é para compreendermos que há uma eternidade. Assim nós queremos fazer a diferença hoje, com frutos que se seguirão por toda a eternidade. Queremos mudança, transformação por completo no destino eterno dos jovens que andam e andarão conosco, visando assim conquistar o maior número possível de almas para a honra e glória do Senhor Jesus Cristo!
Porque, embora seja livre de todos,
 fiz-me escravo de todos,para ganhar o maior
número possível de pessoas.”
 1Co 9:19

- Guilherme Costa –

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Exército da Salvação - General William Booth


Enquanto as mulheres chorarem, como choram agora, eu lutarei;
Enquanto criancinhas passarem fome, como passam agora, eu lutarei;
Enquanto homens passarem pelas prisões, entrando e saindo, entrando e saindo,
Como eles o fazem agora, eu lutarei;
Enquanto há um bêbado remanescente,
Enquanto há uma pobre menina perdida nas ruas,
Enquanto restar uma alma que seja nas trevas, sem a luz de Deus - eu lutarei,
Eu lutarei até ao último instante. - General William Booth, na sua última pregação, junho de 1912


"Bem, se eu puder por isso em uma frase, diria que eu resolvi que o Deus Todo-poderoso deveria ter tudo de William Booth" – respondendo, poucos meses antes de sua morte, sobre o segredo de todas as bençãos que recebeu ao longo dos seus setenta anos de ministério.
William Booth nasceu na cidade de Nottingham, na Inglaterra, no dia 10 de abril de 1827. Seu pai era um construtor que acabou perdendo tudo, e com treze anos de idade William começou a trabalhar na loja de um penhorista. Seu pai morreu logo depois, e William precisava ajudar a sustentar a sua mãe e irmãs com o pouco que ganhava.
Aos quinze anos de idade, William, que não tinha sido criado em lar cristão, começou a frequentar a Capela da Igreja Metodista de Nottingham, onde ele teve uma forte experiência de conversão:
"Como um jovem irresponsável de quinze anos, eu fui levado a frequentar a Capela Wesley de Nottingham, eu não me lembro de ninguém ter me orientado sobre a necessidade de uma rendição pessoal para Deus. Eu fui convencido, independentemente de esforço humano, pelo Espírito Santo, que criou dentro de mim uma grande sede por uma vida nova."
Imediatamente depois da sua conversão, Booth começou a pregar nas áreas pobres da sua cidade, junto com outros adolescentes. Mas quando ele levou um grupo de jovens pobres para a igreja, a congregação de classe média-alta ficou escandalizada.
"Então a minha conversão me tornou, num momento, um pregador do evangelho. Eu nunca pensei na idéia de diferenciar entre aquele que não teve nada a fazer a não ser pregar o evangelho e um menino aprendiz convertido que apenas quiz 'proclamar ao redor do mundo', como costumávamos a cantar, a fama de nosso Salvador. Tenho vivido, graças a Deus, para ver a separação entre leigo e clérico se obscurecer mais e mais, e para ver mais perto da realização a idéia de Jesus Cristo de transformar, num momento, pescadores ignorantes em pescadores de homens."
Depois de mudar-se para a grande cidade de Londres em busca de emprego, William continuou sua associação com a Igreja Metodista e teve oportunidades de pregar. Em 1850 ele foi aceito como pregador leigo num grupo de Metodistas dissidentes, e assim começou seu ministério de evangelista e avivalista.
Booth foi usado poderosamente nas igrejas Metodistas, e em 1852 foi ordenado como pregador. Ele se casou com Catherine Mumford em 16 de Junho de 1855. Inicialmente ligado a uma igreja em Londres, nesse mesmo ano de 1855 Booth foi liberado para exercer o ministério de evangelista itinerante.
Em 1858 Booth foi consagrado como Ministro mas também obrigado a assumir o pastoreado de uma igreja local. Ele sentiu que seu chamado era mais evangelístico que pastoral e em 1861 saiu da Igreja Metodista para seguir o ministério evangelístico.
Com filhos pequenos e sem sustento financeiro, os anos que se seguiram foram difíceis para a família Booth. Mas William foi usado poderosamente em avivamento, como Harold Begbie relata no livro "Life of William Booth":
Os aldeãos andaram pelos morros, e os pescadores remaram oito ou dez milhas de mar escuro, para as cidades onde William Booth estava pregando. Jornais locais registraram que, em alguns lugares, o comércio foi paralisado. Ao longo daquele canto do ducado, de Camborne para Penzance, a chama se queimou com força crescente. Centenas de conversões foram feitas. Cenas "além da descrição" aconteceram; os gritos e gemidos "foram bastante para derreter um coração de pedra"; na cidade de St. Just "mil pessoas se associaram às igrejas diferentes."
Em 1865 a família Booth mudou-se para a cidade de Londres. Andando um dia pelo lado oeste da cidade, William foi chocado em ver a pobreza e miséria dos seus moradores.
"Quando eu vi as multidões de pessoas pobres, tantas delas evidentemente sem Deus nem esperança neste mundo, e descobri que elas me ouviram tão prontamente e avidamente, me seguindo da reunião ao ar livre até à tenda, e aceitando, em tantas instâncias, o meu convite para se ajoelharem aos pés do Salvador, naquele mesmo momento, todo meu coração se estendeu a elas. Eu voltei para casa e falei à minha esposa: 'Ó Kate, eu achei o meu destino! Estes são o povo por quem eu tenho ansiado todos esses anos.'"
"Naquela noite", disse o General, "o Exército de Salvação nasceu."
Booth fundou um ministério, a Missão Cristã, para ministrar a essas pessoas. Desde o início, seus métodos – e os resultados – foram nada convencionais. Sedeada inicialmente em uma tenda, que foi destruida por uma gangue de baderneiros, mais tarde a missão se mudou para um salão de dança. Reuniões ao ar livre também sempre foi uma estratégia importante para a missão. Mais tarde, bandas marchando nas ruas foram utilizadas para atrair as multidões para ouvir a pregação do Evangelho.
Um forte mover do Espírito Santo impulsionou o crescimento do avivamento.
As descrições a seguir das Reuniões de Santidade, tiradas da Revista da Missão Cristã, não conseguiam mostrar realmente as cenas extraordinárias que foram testemunhadas, nem contam adequadamente os efeitos produzidos nas almas daqueles que participaram destes cultos. Bramwell Booth me conta que, depois de muitos anos de reflexão, e agora disposto a pensar que, em certa medida, a atmosfera dessas reuniões foi calculada para afetar histericamente certos temperamentos desequilibrados ou excitáveis, mesmo assim ele está convencido, completamente convencido,de que algo da mesma força que se manifestou no dia de Pentecostes se manifestou naquelas reuniões em Londres.
Ele descreve como homens e mulheres caíram de repente no chão, e permaneceram em estado de desmaio ou transe durante muitas horas, se levantando em fim tão transformados com alegria que eles poderiam fazer nada além de gritar e cantar em uma êxtase de felicidade. Ele me fala que, sem dúvida, ele viu exemplos de levitação - pessoas sendo levantadas e jogadas para frente no ar. Ele viu homens e mulheres ruins de repente feridos com um desespero irresistível, levantando seus braços, proferindo os gritos mais terríveis, e caíndo para trás, como se fossem mortos, convencidos sobrenaturalmente da sua condição pecaminosa. O chão às vezes ficava cheio com homens e mulheres derrubados por uma revelação da realidade espiritual, e os obreiros da Missão levantavam seus corpos caídos e os levavam para outras salas, para que as Reuniões pudessem continuar sem distrações.
Nós temos um relato de um culto de adoração de agosto de 1878:
A visão dos rostos no palco nunca será esquecida - foi mais que alegria que iluminou todos - foi o êxtase de bêbados espirituais. Quando nós vimos um irmão, avançado em anos e endurecido pelo longo hábito de ordenações religiosas solenes, dançando, sim, realmente dançando à música, enquanto outros, menos constrangidos, estavam levantando os braços descobertos e girando para cá e para lá enquanto cantavam, nós percebemos como nunca antes, que a graça de Deus pode fazer as pessoas livres e libertas. Aqui está, mais uma vez, a religião velha, despreocupada com a opinião pública e cheia de glória e de Deus, motivo pelo qual os apóstolos foram obrigados a recomendar sobriedade.2
Ballington Booth, filho de William, descreveu um culto de oração no mês seguinte:
No dia 13 de setembro tivemos um tempo maravilhoso. Nunca vou esquece-lo. Oh! Deus sondou todos os corações naquela noite. Depois de falar sobre entregar tudo e ser sustentado pelo poder de Deus, e cantando "Eu estou confiando, Senhor, em Ti", nós caímos de joelhos para oração silenciosa. Então o Deus Todo-Poderoso começou a convencer do pecado e chamar para o arrependimento. Alguns começaram a chorar, alguns gemeram, alguns clamaram em voz alta para Deus. Um homem disse, "Se eu não posso adquirir esta bênção, eu não posso viver"; outro disse, "Há algo, há algo, oh, meu Deus, meu Deus, me ajuda; me santifique; endireite meu coração"; e enquanto nós cantamos:
Me salva agora, me salva agora,
Meu Jesus me salva agora,
Uma querida irmã jovem se aproximou à mesa, então mais duas pessoas a seguiram; e nós cantamos novamente,
Me salva agora, me salva agora.
Sim, Jesus me salva agora.
Muitos mais foram tocados. Nós caímos novamente de joelhos. Cinco ou seis mais vieram à frente. Um homem tirou seu cachimbo do seu bolso, e o pôs na mesa, resolvido que este nunca mais ficaria entre a sua alma e Deus. Então seis ou sete mais vieram à frente. Então quase não pudemos nem cantar nem orar mais. Todos foram dominados pelo Espírito. Um jovem, depois de lutar e lutar durante quase uma hora, gritou "Glória, glória, glória, alcancei. Oh, Glória a Deus!" Uma jovem balançou a sua cabeça, dizendo, " Não, hoje não" mas logo foi vista no chão intercedendo poderosamente com Deus... E todos se uniram cantando as palavras,
Eu Te tenho oh! Eu Te tenho,
Todas as horas eu Te tenho;
E um irmão disse, "Oh, oh! se este ai não é o céu, como será o céu?" Outro irmão disse, "Eu tenho que pular"; Eu disse, "Então pule" e ele pulou por todo lado. Assim nós cantamos, choramos, rimos, gritamos, e depois que vinte e três tinham se entregado ao Mestre, confiando nele para os guardar do pecado, tanto como Ele tinha perdoado os seus pecados, nós encerramos cantando
Glória, glória Jesus me salva,
Glória, glória ao Cordeiro
Glória, glória ao Cordeiro.
A Revista da Missão Cristã de Setembro de 1878 relata "Uma Noite de Oração" na noite do 8 a 9 de agosto:
Ninguém que viu aquela cena de oração contundente e fé triunfante jamais iria esquece-la. Nós vimos um mineiro labutando com os seus punhos no chão e no ar, da mesma maneira que ele foi acostumado lutar com a pedra no seu trabalho diário, até que enfim ele ganhou o diamante que ele estava buscando - libertação perfeita da mente carnal - e se levantou gritando e quase pulando de alegria. Homens grandes, como também as mulheres, caíram no chão, ficando deitados durante algum tempo como se fossem mortos, subjugados com o Poder do Alto. Quando a alegria da libertação poderosa de Deus caiu sobre alguns, eles riram e também choraram de alegria, e alguns dos evangelistas mais jovens poderiam ter sido vistos, como rapazes brincando, abraçados e rodando um em cima do outro no chão.2
A missão continuou a crescer, mesmo sofrendo muita oposição. No Natal de 1878 o nome da Missão Cristã mudou para "O Exército de Salvação", e William Booth foi chamado de seu General (um título que ele resistiu, no início, por achar pretensioso).
Por causa das suas táticas de invadir as ruas e áreas pobres com a pregação do Evangelho, o Exército de Salvação foi, nos primeiros anos, muito perseguido:
Num só ano – 1882 – 669 soldados do Exército de Salvação foram atacados ou brutalmente assaltados. Sessenta prédios foram quase demolidos pelas multidões. Até 1.500 policiais de plantão todo domingo, pareciam ser incapazes de proteger as tropas do Booth.3.
Mas, no mesmo tempo, seu crescimento fenomenal não pode ser negado, e até a Igreja da Ingleterra (Igreja Anglicana) propôs uma parceria com o Exército de Salvação:
No início de 1882, o Arcebispo de York, Dr William Thomson, sugeriu uma mudança radical: a amalgamação do Exército de Salvação com a Igreja da Inglaterra. Houve pessoas, ele confessou, que a sua Igreja não conseguiu alcançar; uma pesquisa feita numa noite de semana em Londres mostrou quase 17.000 adorando nos quarteis do Exército contra 11.000 nas igrejas comuns...
"Veja", Booth resumiu gentilmente para um clérico que estava perplexo com o sucesso do Exército, "nós não temos uma reputação para perder.".
E os resultados continuaram:
Não intimidados pela perseguição e pobresa, estes guerreiros, entre 1881 e 1885 levaram 250.000 homens e mulheres aos altares do Exercíto.
Seu crescimento não foi limitado ao país da Inglaterra. O Exércíto se estendeu aos EUA e Austrália em 1880, e à França no ano seguinte. Divisões na África do Sul e Nova Zelândia começaram em 1883.
Catherine Booth, a "Mãe do Exercito de Salvação" faleceu no dia 4 de outubro de 1890. Nesse ano, o Exército já tinha alcançado um sucesso inimaginável desde seu início, vinte e cinco anos antes:
Agora eles estavam operando quase 2.900 centros – mais que £775.000 de imóveis, a maioria hipotecada. Levantaram £18.750.000 para ajudar homens para quem o mundo negou uma segunda chance. A bandeira "Sangue e Fogo" estava levantada em trinta e quatro países. Na Sede Internacional, o assunto da salvação agora envolveu 600 telegramas, 5.400 cartas cada semana.
Mas Booth tinha ganho mais que território e fundos: ele ganhou os olhos e os ouvidos do mundo. Cada semana seus 10.000 oficiais, a maioria com menos de vinte e cinco anos, pregaram o Evangelho à multidões em 50.000 reuniões. Somente na Inglaterra, visitaram 54.000 lares cada semana. Seus vinte e sete jornais alcançaram trinta e um milhões de leitores.
Em 1909 o Booth, agora com oitenta anos mas sempre um evangelista, começou suas "Campanhas Motorizadas" onde ele viajou pela Inglaterra de carro, evangelizando:
Foi como se Booth, mais perto da sua audiência desde o dias da Missão Cristã, queimou com a chama de Deus. Numa vez, viajando para o norte, seu carro foi parado por operários que fecharam a rua com uma corda. Mas, quando ele se levantou do banco, a voz de Booth parecia hipnotizá-los. "Alguns de vocês homens nunca oram – vocês pararam de orar há muito tempo. Mas vou dizer a vocês, vocês não vão orar para seus filhos, para que eles possam ser diferentes?"
Dentro de minutos, o neto do General, Wycliffe relembra, a rua se tornou uma panorama sem fim de cabeças descobertas enquanto setecentos homens se ajoelharam em adoração silenciosa.William Booth faleceu no dia 20 de agosto de 1912.
Em sessenta anos como evangelista, Booth viajou cinco milhões de milhas, pregando quase 60.000 sermões – e seu espírito hipnótico atraiu 16.000 oficiais para seguir a bandeira em cinquenta e oito países, para pregar o evangelho em trinta e quatro línguas. Em 1881, quando Booth mudou-se para a Rua Queen Vitória, os obreiros da Sede se sentiram sobrecarregados abrindo mil cartas cada semana. Agora eles estavam afundados numa enchente de mil cartas cada dia.
O Exército de Salvação ficou muito conhecido por causa das suas muitas obras sociais, mesmo que essas tenham sido o resultado de um verdadeiro avivamento e uma paixão pelas almas perdidas. Comentando sobre isso, Booth escreveu:
"Nossa Obra Social é, essencialmente, uma atividade religiosa. Ela não pode ser contemplada, iniciada nem continuada com grande sucesso, sem um coração cheio de compaixão e amor, e revestido com o poder do Espírito Santo."
É dificil medir o impacto do Exército de Salvação, que certamente marcou profundamente o Século 19. Sua luta por justiça social e a favor dos excluídos e menos favorecidos da sociedade levou Booth a escrever um livro "In Darkest England and the Way Out" ("Na Mais Tenebrosa Inglaterra e a Saída") que foi muito discutido na Inglaterra, e incentivou o crescimento das obras sociais do Exército.
Para Charles Haddon Spurgeon, famoso pregador Batista que comandava multidões de 20.000 numa só vez, o Exército era insubstituível – "mais cinco mil policiais não tomarão o seu lugar na repressão de crime e desordem"